...O berço de sonhos, palavras, vento e cinzas...

sábado, novembro 18

Almas como a chuva



- Preciso de uma alma nova!
Sorri enternecida! A ideia era acarinhar-te, confortar-te, mostrar-te o meu apoio...
A verdade é que essa frase me custou e não sei porquê! Soube que em mim essa afirmação que me pareceu tão desesperada na tua boca, era personificação de mim mesma...
Enquanto ele dizia que eu estava estranha e pensativa, eu insistia que nao! Mas a verdade é que cinco minutos mudaram-me o pensamento, mudaram-me o humor, as ideias, o sorriso... Era nisso que pensava quando fiquei de olhar perdido a ver a chuva a cair lá fora e tu me quebraste com o braço saltitante a corrente da minha vista! Talvez tenha sido melhor assim, se não o tivesses feito, a minha alma ia perder-se na chuva, na tristeza, na solidão imperfeita, porque tu estavas ali comigo!
Já pensaste como era facil se as almas caissem do céu como as gotas da chuva? Bastava abrires essa janela ao teu lado, estenderes a mão... e puff! Em segundos tinhas milhares de almas na palma da tua mão! Era aó escolheres...
Essa tua frase de abandono ao desespero, desmoronou mais uma vez a minha barreira entre a realidade e a forma que arranjo de não pensar, de estar sempre bem... de sorrir só porque sim, de não pensar que ao chegar ao fim do dia, naquele quarto repleto de fotos e recordações, eu vou ficar uma vez mais só, sem nada...
Vês aquelas gotas mais grossas que caem das bordas do beiral?! São almas grandes, repletas de sonhos, sentidos, ideais... São gotas, tão completas, tão cheias do que mais que simples moléculas de hidrogénio e oxigénio combinadas!
Mas infelizmente as gotas lá fora são mais que os grãos de areia no fundo do mar, mas cá dentro, almas? Só as de nós duas! Perdidas num lugar certo, confusas, vazias de certezas, sem rumo nem norte, sem forma de ter uma qualquer que seja, alma nova!
Só tenho vontade de desaparecer e parar no lugar onde não sinta nada, queres vir comigo?


P.S- Também gosto muito de ti!